Cenário de guerra envolvendo Israel e Irã reflete profecia do fim dos tempos, diz rabino
- 01/07/2025

No mesmo dia em que Israel realizou um ataque significativo ao programa nuclear iraniano, dezenas de milhares de judeus ao redor do mundo, durante o estudo diário do Talmude, leram uma antiga previsão sobre a queda da Pérsia diante das forças do Ocidente.
A “coincidência” evocou reflexões profundas sobre tempos proféticos e atualidade.
Durante um webinar recente, o rabino Pessach Wolicki, diretor executivo da Israel365 Action, destacou a surpreendente coincidência entre um evento do estudo judaico e o ataque militar de Israel ao Irã.
Ao abordar as implicações proféticas dessa ocorrência, ele observou que muitos a interpretam como um sinal revelador – algo além da ideia de um simples acaso.
A prática do Daf Yomi – que consiste na leitura diária de uma página do Talmude – teve início em 1923 e atualmente reúne centenas de milhares de judeus ao redor do mundo. Com 2.711 páginas no total, o ciclo completo de estudo leva cerca de sete anos e meio para ser concluído, seguindo uma rotina sincronizada globalmente.
“A página sobre a qual eu estava falando – aquela página de todas as 2.711 páginas do Talmude que afirma que o Irã cairá nas mãos do Ocidente – foi a página do dia no último sábado, a data em que o presidente Trump ordenou o ataque”, explicou o rabino Wolicki à sua plateia atônita.
Segundo ele, o momento não ocorreu por acaso. A página estudada traz um comentário do século XIII que afirma: “Pouco antes da vinda do Messias, a Pérsia será vencida por Roma” – sendo que, na tradição rabínica, "Roma" costuma simbolizar a civilização ocidental.
Textos antigos, revelações modernas
A coincidência envolvendo o estudo talmúdico foi apenas um dos pontos abordados pelo rabino Wolicki em sua apresentação. Ele também trouxe à tona um texto midráshico de 1.500 anos que parece espelhar com precisão os acontecimentos atuais.
A obra Pesikta Rabati, compilada no século VI, traz uma profecia atribuída ao rabino Yitzchak que se destaca pela sua força simbólica: “No ano em que o rei Messias for revelado, todos os reis das nações do mundo estarão lutando entre si... O rei da Pérsia lutará contra o rei árabe... O rei da Pérsia buscará a destruição do mundo inteiro.”
O rabino Wolicki destacou o caráter premonitório do texto: “Antes da era moderna da comunicação, não havia como todos os líderes das nações do mundo entrarem em pânico sobre o mesmo problema... Obviamente, este midrash está descrevendo um período de tempo em que o mundo inteiro tem esse tipo de interação e integração como o que temos hoje, e a Pérsia – que é o Irã – está ameaçando o mundo inteiro”.
O rabino Wolicki abriu sua fala com uma reflexão marcante sobre a perspectiva histórica: “Quando Deus abriu o Mar Vermelho e a nação de Israel estava atravessando... se você estava atravessando o Mar Vermelho naquela época, provavelmente não disse a si mesmo: 'Ei, estou na Bíblia.'”
Hoje, é exatamente esse cenário que vivenciamos. A transformação militar destacada pelo rabino Wolicki vai além de estratégias táticas – ela é vista como o cumprimento de antigas profecias bíblicas.
A reunião dos judeus em Israel, conforme descrito em Deuteronômio 30, após sua dispersão “até os confins dos céus”, já se realizou.
“Eles serão reunidos em nossa terra e se tornarão mais numerosos e prósperos que seus antepassados”, palavras que, segundo ele, já se concretizaram. “Estamos vivendo esse tempo”.
Dimensões históricas
Esse cenário dá um novo significado às conquistas recentes de Israel, indo além dos êxitos militares para tocar dimensões históricas e espirituais mais profundas.
“Em toda a minha vida – tenho 55 anos – Israel sempre enfrentou ameaças existenciais de inimigos determinados a nos destruir”, refletiu o rabino Wolicki. “Mas, pela primeira vez, não há ameaças que coloquem a existência de Israel em risco.”
A sequência de eventos foi meticulosa e abrangente. Antes de 7 de outubro, Israel enfrentava o que foi descrito como um “círculo de fogo” – incluindo o Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano com 150 mil mísseis, bases iranianas espalhadas pela Síria e o programa nuclear do Irã.
O processo de neutralização começou com o Hamas, seguiu com a devastação do Hezbollah através dos emblemáticos ataques “pager”, avançou com o colapso do regime sírio de Assad e culminou com Israel alcançando supremacia aérea total sobre o Irã.
“Israel tem total liberdade de operação nos céus iranianos”, explicou o rabino Wolicki. “O espaço aéreo sobre todos esses países – Líbano, Síria, Iraque, Jordânia, Irã – está agora sob total vigilância das Forças de Defesa de Israel (IDF).
Ataque israelense ao estúdio do IRIB em Teerã em 16 de junho de 2025. (Foto: Wikimedia)
Isso significa que “assim que os iranianos tentarem começar a reconstruir suas defesas aéreas, assim que começarem a tentar reconstruir suas instalações nucleares ou suas capacidades de mísseis balísticos, os israelenses estarão no ar... Temos vigilância total sobre o Irã agora.”
Isso representa mais do que domínio militar – constitui o que o rabino Wolicki vê como o início da própria redenção.
"A redenção consiste, na verdade, em não sermos subservientes e não sermos mais ameaçados pelos nossos inimigos", explicou ele. "O povo judeu, depois do pior momento em que nos encontramos em 7 de outubro... emerge hoje como o país mais poderoso da região."
Um chamado ao reconhecimento
O rabino Wolicki encerrou sua fala com um chamado à celebração e à reflexão: “Deus está apontando para nós e dizendo que está acontecendo. Estamos nesse período… Devemos nos perguntar por que Deus me escolheu para estar vivo neste momento? O que isso significa?”
Sua mensagem era clara: “Prestem atenção ao que está acontecendo. Agradeçam a Deus pelo que está acontecendo. Contribuam para aqueles que estão lutando. Sejam parte disso. Não sejam espectadores, porque coisas extraordinárias estão acontecendo. A redenção está a caminho.”
Enquanto os textos antigos ganham vida através dos acontecimentos atuais, a reflexão do rabino Wolicki aponta que não se trata apenas de avanços militares – estamos diante da concretização de promessas divinas aguardadas por milênios. Resta saber se temos sensibilidade espiritual para reconhecer o que se desenrola diante de nossos olhos.